Monday, 07 October, 2019

O marketing digital do jeito que conhecemos está fadado a morrer!


Vou começar esse artigo de um jeito que não é muito comum, afirmando a morte do marketing digital. É isso mesmo. Ele está morrendo. Digamos que já está em morte cerebral respirando por aparelhos. Mas como, você que trabalha na área, nunca sequer ouviu algo relacionado a isso? Bem, é porque até o momento estamos vivendo os vislumbres das possibilidades de anunciar on-line, ninguém se preocupou em falar sobre os problemas que isso trás. Pelo menos, não no mundo do marketing.

Há algum tempo surgiu, e tem aflorado, a discussão sobre a centralização da web e, com isso, a ameaça à privacidade de dados. Porém, até os dias de hoje, esse é um assunto que permeia apenas grupos de tecnologia. É comum ver eventos de tecnologia, principalmente de desenvolvimento web, falarem sobre web descentralizada. Mas não ocorre o mesmo nos eventos de marketing. O que se vê é uma idolatria à ferramentas que armazenam dados, muitas vezes sem a permissão do usuário. Perante esse cenário, visto que sou uma pessoa que perambula em ambas as áreas, resolvi ter como missão o levantamento dessas questões também no marketing. 

A realidade que estamos vivendo é que já estão ocorrendo grandes bloqueios de publicidade e captura de dados, sem que usuários comuns percebam. Existem, por exemplo, navegadores que por padrão bloqueio os rastreadores (ou trackers) de dados. O que significa que o seu anúncio pode não ser exibido mais, até mesmo para usuários com baixo conhecimento técnico. Recentemente a Mozilla anunciou um projeto que visa criar uma nova internet sem anúncios. Além das últimas notícias de que há intenções por parte governo dos Estados Unidos o desmembramentos grandes monopólios, como o Facebook e Google. 

Toda essa discussão existe porque o armazenamento de dados de uma pessoa, se utilizado de maneira idônea, pode e está ameaçando a democracia mundial. O que nos mostra que já estamos atrasados quando deveríamos estar exaustivamente encontrando alternativas. Pois essas vulnerabilidades só continuam existindo porque são sustentadas por um mercado gigante, o da publicidade. Porém, esses dias estão contados. Já estamos morrendo. Estando no meio do oceano congelando e nos permitindo morrer. Quais são as alternativas? Existe alguma maneira de fazer um marketing digital com respeito à privacidade de dados?

Obviamente eu não vim nesse post trazer soluções definitivas. Meu intuito mor é abrir a discussão e fazer com que se pense a respeito. Porém, irei listar algumas alternativas que tenho buscado, e que inclusive apresentei na minha palestra no Dweb Meeting, em agosto desse ano:

  • Fazer um mix de publicidade digital e tradicional. Há algum tempo, nós utilizávamos do contexto ao qual o público estava inserido e assim escolhíamos o veículo que melhor se enquadrasse no público. Podemos fazer o mesmo on line, porém com a vantagem de poder saber quantas visualizações nossa página de destino teve, quantas conversões e etc. Não precisamos saber a faixa etária ou hábitos de consumo para saber se um anúncio foi bem sucedido.
  • Utilizar algoritmos de análise de comportamento independentes e que respeitem as leis de proteção de dados, como a GDPR e a LGPD. Um bom exemplo é o fathom. Ele é um analytics que permite que você mesmo hosteie e armazene os dados em seu próprio servidor. Além de estar em conformidade com GDPR, os dados armazenados são unicamente de navegação na página, ou seja, ele não “segue” usuários nem coleta dados sensíveis.

Esses são apenas dois exemplos de como podemos ter um marketing mais justo e responsável. Precisamos discutir novas ideias e iniciativas. Precisamos discutir esses assuntos e parar, de uma vez por todas, de venerar empresas que ameaçam não só a concorrência de forma justa, mas também a integridade da sociedade se um modo geral.


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